domingo, 2 de junho de 2013
HIRUDOTERAPIA: TRATAMENTO COM SANGUESSUGAS
Resumo:
O presente trabalho acadêmico, para o primeiro módulo do curso de farmácia da ETEC Professor Makiguti, elaborado por Lucivânia Ap. S. Fernandes e Crisângela Meirelles Paes, tem por objetivo apresentar tratamentos alternativos realizados por meio de sanguessugas. O tratamento com sanguessugas é utilizado por muitas culturas e há notícias de tratamentos realizados há mais de mil anos antes de Cristo.
O uso de sanguessugas também é comum em algumas culturas para fins estéticos.
A seguir, nos aprofundaremos mais sobre suas indicações, quais substâncias liberadas, a origem histórica de sua prática medicinal, culturas que se utilizam desta metodologia e algumas curiosidades.
Utilizamos como base de pesquisa sites da Internet, além do livro de Armênio Uzinian e Ernesto Birner, intitulado Biologia, lançado pela Editora Harbra em segunda edição de 2004 e História da Medicina na Antiguidade, de Carlos Henrique Viana de Andrade, lançado pela Editora Baraúna na sua primeira edição em 2011.
Para nós, de cultura ocidental, pode parecer estranho e pouco comum, mas durante as pesquisas descobrimos informações que podem ser muito interessantes sobre o tema em questão.
Palavras chave: Hirudoterapia, sanguessugas, tratamento.
I. Introdução:
Na apresentação do trabalho, dividiremos as informações em módulos distintos, dos quais explicaremos o que é uma sanguessuga, depois relataremos informações que denotam a origem histórica dos tratamentos com sanguessugas e quais as substâncias liberadas por elas e as regiões que utilizam esse tipo de tratamento.
O tratamento com sanguessugas, também chamado de Hirudoterapia, é muito usado por algumas culturas para tratamentos de pressão arterial, acidente vascular cerebral, problemas de circulação sanguínea, redução de inflamações localizadas ( inclusive ortopédicas ), tratamentos de beleza e, conforme veremos a seguir, já foi usado por povos antigos até mesmo para redução de peso.
II. O que são sanguessugas?
Segundo Uzunian e Birner, através de informações contidas na página 390 da obra Biologia, segunda edição, as Sanguessugas pertencem à classe dos hirudíneos e são encontradas no mar, em água doce e em meio terrestre, nos locais úmidos.
As Sanguessugas são anelídeos, possuem corpo segmentado, um clitelo, que é uma estrutura reprodutiva presente nos oligoguetas ( é uma subclasse de animais que possuem o corpo constituído de segmentos que lembram anéis ) que forma frequentemente uma cintura evidente ao redor do corpo. O casulo onde são depositados os óvulos é formado por glândulas presentes no clitelo, além do muco para a cópula. O Clitelo é a junção dos anéis que separam os gametas femininos dos masculinos. Por contrações do corpo, o anel é empurrado para a zona anterior, passando pelas aberturas sexuais femininas, que libertam os óvulos e pelas aberturas dos receptáculos seminais, que liberam os espermatozoides.
Sanguessugas não tem cabeça desenvolvida, são hermafroditas que se alimentam de sangue de outros animais e sua reprodução é sexuada.
Seu corpo é levemente achatado dorsiventralmente. Possuem ventosas fixadoras, que funcionam como “desentupidores de pia” e se localizam nas duas extremidades do corpo. A da região anterior abriga a boca e possui alguns dentículos raspadores. A da extremidade posterior não abriga o ânus, que abre dorsalmente, antes do local em que está a ventosa. A existência de ventosas relaciona-se às duas características adaptativas desses animais: o parasitismo e a locomoção. A maioria das sanguessugas, como o nome deixa claro, atua como ectoparasita de outros animais. Quanto à locomoção, ela se dá com a utilização das duas ventosas alternadamente, em um mecanismo conhecido por “medepalmos”. ( Uzunian e Birner, 2004, p. 390 ).
Na natureza existem mais de 400 espécies de sanguessugas. Para fins medicinais é utilizada apenas uma espécie: Sanguessuga medicinal e suas subespécies: “Hirudina officinalis” e “Hirudina medicinalis”. Estas espécies de sanguessugas são conhecidas desde os tempos antigos e servem lealmente muitas gerações de pessoas. Infelizmente, na maioria da população a noção “sanguessuga” ainda provoca uma reação muito negativa, mas é uma criatura muito interessante e útil para o homem (http://hirudoterapia.jimdo.com/).
III – História e utilização:
Existem algumas controvérsias quanto ao início dos tratamentos com sanguessugas.
Segundo informações contidas no site (http://www.hirudoterapia.es/historia.php), a extração de sangue por intermédio de sanguessugas é mencionado pelos médicos da Roma Antiga (Galen) e pela medicina oriental (Ibn Sina, Avicena). No entanto, a primeira menção da aplicação de sanguessugas data de três mil anos, mediante indícios encontrados na tumba de um faraó egípcio da dinastia XVIII (1567-1308 aC). Algumas estórias dizem que Cleópatra engravidou após um tratamento com Sanguessugas. Na Europa, as primeiras descrições de tratamento com sanguessugas aparecem nas obras do poeta e médico grego Nicandro de Cólofon (século II dC).
Existem também evidências de que a terapia foi usada muitas vezes para a perda de peso. Boticelli teria usado sanguessugas para melhorar a voz. O uso curativo de sanguessugas era tão confiável e bem sucedido entre o final do século XVIII e início do século XIX. Os Estados Unidos exportaram para a Europa Ocidental, principalmente na França, entre 80 e 100 milhões de sanguessugas por ano. A Hungria também foi um importante exportador de sanguessugas. Mais tarde, o uso da terapia foi substituído pelo método de flebotomia (incisão na veia). ( Andrade, 2012, p 23 ).
A aplicação de sanguessugas teve seu uso terapêutico considerado como vantajoso apenas por monges e foi muitas vezes citado como charlatanismo. Durante a segunda metade do século XIX e início do século XX mudou-se gradualmente a visão de Tratamento com sanguessuga ( Hirudoterapia ). Médicos tradicionais passaram a alegar que a terapia, no caso de algumas doenças, traz benefícios claros, sem efeitos adversos. No entanto, alguns representantes da medicina moderna são contra Tratamento com sanguessugas, vendo-os com bastante desconfiança e preferindo a terapia medicamentosa, independentemente da eficácia de drogas usuais.
A prestigiada revista American “Journal of Nursing”, em 2009, observou que a hirudoterapia está experimentando seu renascimento, especialmente no tratamento de pacientes após cirurgias plásticas e transplantes, bem como em microcirurgias. Para alguns especialistas, seu efeito é insubstituível em casos de dissolução de coágulo e eliminação da obstrução venosa nas áreas de coagulação do sangue. O governo dos EUA, em 2004, validou a aplicação de sanguessugas como um método de tratamento médico aceitável.
Os hirudoterapeutas frequentemente deixam as sanguessugas “selecionar” o ponto em que devem ser aplicadas, geralmente as sanguessugas não se enganam.
Então, no corpo de um paciente, num ponto desejado aplicam-se as sanguessugas, geralmente entre duas e sete a cada sessão. Antes da primeira sessão os pacientes, em geral, têm medo de “mordida da sanguessuga”. Na verdade, esta assemelha-se a uma picada de mosquito, e certamente é muito menos dolorosa do que uma injeção convencional por seringa. A sanguessuga morde a pele num ponto biologicamente ativo e, gradualmente, introduz no sangue do paciente as glândulas salivares.
Quando os medicamentos são injetáveis, são mais ou menos uniformemente distribuídos por todo o corpo, no caso as sanguessugas o efeito concentra-se só na zona afetada.
Uma vez que a secreção salival é injetada no sangue do paciente, a sanguessuga descarrega o fluxo sanguíneo, sugando o sangue.
A perda de sangue durante uma sessão é baixa, não mais de 15 ml. A mesma quantidade um paciente perde durante as próximas horas até o sangramento parar. O escorrimento de sangue do local da picada pode durar até 15 horas após o procedimento, mas em pequenas quantidades e não deve ser interrompido.
Nota-se uma pequena perda de sangue e linfa, eliminando o edema e colocando em funcionamento os processos imunológicos do organismo. Uma sessão de Hirudoterapia dura normalmente cerca de uma hora.
As sanguessugas determinam quando podem terminar o “trabalho” e saem do local da picada. A duração do tratamento com sanguessugas é acompanhada por um médico-hirudoterapeuta que prescreve a aplicação de paciente para paciente.
Em média, é necessário entre 7 e 10 sessões, aplicadas de 1 a 3 vezes por semana.
Hirudoterapia pode ser usada como um método de tratamento independente. Pode ser combinada com os métodos de naturopatia, mas na maioria das vezes com a fitoterapia.
Segundo os Hirudoterapeutas, bons resultados foram obtidos com uma combinação de Hirudoterapia com homeopatia e fisioterapia, devendo o paciente ter a devida orientação médica para determinar a posologia (dosagem/aplicação) correta.
IV - Substâncias liberadas:
Ao aderir a seu hospedeiro, afinal de contas, a sanguessuga é um parasita que se alimenta do sangue de outros animais, ela libera algumas substâncias que são responsáveis pela anestesia da “mordida” e anticoagulação do sangue. Desta maneira fica fácil entender a razão da “mordida” da sanguessuga não causar dor e haver sangramento após a retirada do parasita por horas até. O parasita deve ser destruído após o tratamento.
Tais substâncias, enzimas, são normalmente divididas em três grandes grupos, sendo que o primeiro grupo tem atuação anti-inflamatória, bacterioestático e imunoestimulador, pois as substâncias expelidas pela sanguessuga atuam diretamente no sistema imunológico humano.
O segundo grupo é formado por enzimas que atuam na parede dos vasos sanguiíneos, com efeito anti-aterosclerótico e como anti-isquêmico ( isquemia é a falta de suprimento sanguíneo para um tecido orgânico ).
O terceiro grupo é formado também por enzimas responsáveis pela melhoria da circulação sanguínea, com efeito hipotensivo ( redução da pressão arterial ) e acelerador de fluxo linfático. Pode ser usado em processos pós operatórios, pós amputações, cicatrizantes, etc. ( Uzunian e Birner, 2004, p. 391).
V – Regiões que utilizam o tratamento:
Na antiguidade, esse tratamento era usado para retirada de sangue do corpo, as chamadas sangrias, usadas pelos Egípicios, Gregos, Romanos e Sírios. A sangria, acreditava-se, poderia curar desde dores locais até mesmo processos inflamatórios mais intensos, como a “gota”, nefrite, tumores, distúrbios mentais etc.
Atualmente, as culturas orientais utilizam-se desta terapia, muito comum na Índia, China, Egito, Alguns países da Europa ( em menor escala, onde são consideradas alternativas ), Estados Unidos ( com aplicação mais voltada para fins estéticos ).
http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,sanguessugas-sao-usados-em-terapia-na-india,160926,0.htm
VI – Anexos:
Imagens relacionadas a Tratamentos com sanguessugas.
VI – Referências :
UNIZIAN, A. ; BIRNER, E. Biologia, 2 ed. São Paulo, Habra, 2004. 390 e 391 p.
ANDRADE, C.H.V.; História da Medicina na Antiguidade, 1 ed. São Paulo, Baraúna, 2012. 23 p.
Artigo: O Estado de São Paulo, 2008, acesso em 30 mai. 2013. Disponível em http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,sanguessugas-sao-usados-em-terapia-na-india,160926,0.htm
Site: Hirudoterapia – Terapia com sanguessugas, s.d. acesso em 30 mai. 2013. Disponível em http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,sanguessugas-sao-usados-em-terapia-na-india,160926,0.htm
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Por favor, onde encontro o tratamento aqui no Brasil?
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