A Petrobrás é, sem dúvida, a maior empresa brasileira. Nos últimos

três anos, perdeu em valor de mercado o equivalente a R$ 200.000.000,00 (Duzentos bilhões de reais), sendo alguma parte disso em função de fatores macroeconômicos, mas a maior parte (pelo menos 120 bilhões) em função de problemas relacionados à má gestão e corrupção.
Em qualquer outra empresa de qualquer outro segmento da indústria, uma perda de ativos menos acentuada, seja no valor de mercado ou qualquer outra desvalorização de seus papéis já seriam motivos mais que suficientes para a troca da alta direção de uma organização, mas estamos falando da Petrobrás....
Pois bem, a Petrobrás ainda é a maior empresa brasileira, principalmente sob o ponto de vista de perspectiva de mercado e de potencial de desenvolvimento. No entanto, uma empresa deste porte acaba sendo alvo de aproveitadores, políticos corruptos e lobistas que enxergam nos enormes volumes de negócios da empresa uma oportunidade de ganhar dinheiro fácil para garantir a próxima campanha eleitoral e até mesmo uma excelente oportunidade de garantir seu enriquecimento pessoal. Pois bem: A Petrobrás não é uma empresa única e exclusivamente do governo brasileiro, a Petrobrás é uma organização que abrange diversos mercados e possui milhares de acionistas, muitos stakeholders (partes interessadas). Não se pode gerir uma organização com tal porte e muitos interesses de forma política, irresponsável e infantil.
A saída de Maria das Graças Foster era um fato por acontecer. Qualquer outro gestor público ou privado já via em seus resultados um verdadeiro fiasco (e aqui não entrarei no mérito de que ela era ou não uma boa gestora, aliás, tudo indica que a mesma não estava diretamente envolvida nos casos de corrupção citados, mas muitos fatores foram envolvidos para compor este cenário) e, sendo assim, estávamos todos na iminência de sua saída do comando da empresa. O que não se pode admitir é uma organização deste porte ficar acéfala por um minuto sequer. Muitos, entretanto, diriam: “Ah... Mas foram muitas situações desgastantes, nenhum ser humano consegue conviver com esse tipo de pressão... Aliás, outros diriam que é até desumano...” Concordo!
Com base em situações talvez menos complexas, mas igualmente delicadas, um plano de Gestão de Continuidade de Negócios deveria ser acionado, certo? Uma empresa como a Petrobrás tem, certamente, um Sistema de Gestão de Continuidade de Negócios.
O problema é que, assim como a maioria das organizações, um incidente perturbador costuma ser diretamente relacionado a desastres naturais ou físicos, ou de Telecomunicações ou de Tecnologia da Informação. A maioria das empresas não consegue determinar a abrangência do escopo de seu Sistema de Gestão de Continuidade de Negócios a fatores que não sejam físicos, climáticos ou tecnológicos.
A Norma ISO/IEC 22301:2013 trás diretrizes genéricas para organizações que desejam implementar, manter e melhorar um Sistema de Gestão de Continuidade de Negócios com base nos requisitos da norma, considerando as melhores práticas de diversos setores da indústria mundial. Na cláusula 1, “Escopo”, em seu parágrafo segundo, a Norma especifica que “Os requisitos especificados nesta Norma são genéricos e planejados para serem aplicados em todas as organizações ou parte delas, independentemente do tipo, tamanho e natureza do negócio. A abrangência da aplicação desses requisitos depende do ambiente operacional e complexidade da organização”.
Já na Cláusula 5.4 “Papéis, responsabilidades e autoridades organizacionais”, a referida Norma Internacional estabelece que “A Alta Direção deve garantir que papéis, responsabilidades e autoridades relevantes sejam atribuídos e comunicados dentro da organização”.
Fica claro, portanto, que a nova “Alta Direção” da Petrobrás precisa ser extremamente profissional e não uma simples indicação política. Claro é, de fato, que fatores como corrupção e desvios de ética dentro de uma organização que opera no sistema sócio econômico e político do Brasil devem ser sim considerados como “Evento perturbador” (“ISO 22301, definições, ítem 3.17, página 4 - Evento: Ocorrência ou mudança em um conjunto de circunstâncias...”), uma vez que o sistema político brasileiro, atrelado ao modelo de licitações e pregões eletrônicos favorece, e muito, a corrupção e o pagamento de propinas e desvios de conduta, sem contar que a legislação brasileira atual pune o corruptor, deixando claro que não possui condições de identificar e punir adequadamente os corruptos.
Uma vez gerida por profissionais reconhecidos de mercado, a implementação de controles de gestão e governança (que, pasmem, foram cogitados e implementados na Petrobrás após a deflagração da Operação Lava-Jato) devem ser estabelecidos com base nas normas internacionais de segurança, considerando a Segurança da Informação (baseados na norma ISO 27001), Cadeia de Abastecimento (ISO 28000), Gestão de Energia (ISO 50001), e principalmente Sistemas de Gestão de Continuidade de Negócios (ISO 22301) para que incidentes relacionados aos danos à imagem e aos ativos da organização não prejudiquem as operações da empresa.
Caso houvesse um Plano de Continuidade de Negócios a saída iminente de Maria das Graças Foster já estaria dentro dos planos de ação de continuidade, um novo nome já estaria pronto para assumir a Presidência, bem como um novo corpo de diretores já estaria pronto para a posse. Infelizmente, decisões tomadas sem critério e sem planejamento abrem espaço, mais uma vez, para nomeações políticas, envolvendo trocas de favores e de interesses. Este, definitivamente, não é o futuro que a Petrobrás merece e tampouco que nós, stakeholders (ISO/IEC 22301:2013 -Partes Interessadas, Cláusula 4.2.1, Item b - A organização deve determinar os requisitos das partes interessadas (por exemplo, as suas necessidades e expectativas definidas, geralmente implícitas ou obrigatórias).
Na realidade, o que há por trás da saída de Maria das Graças Foster e outros cinco diretores (incluindo o diretor do setor de Governança da empresa - departamento criado após a deflagração da operação da polícia federal ) é que aconteceu o óbvio... E que uma empresa que não segue as diretrizes internacionais de boas práticas, independente de seu porte, muitas vezes não está preparada nem para o óbvio!
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Fábio Anjos
Especialista em Segurança da Informação, Continuidade de Negócios, Qualidade e Governança Corporativa, Administrador de Empresas, Professor Universitário e Palestrante.
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